Tenho a sorte de morar em um lugar turístico e estar onde todo mundo gostaria de visitar, mas também tenho a sorte de estar a poucos km de Porto Alegre. Uma das capitais mais interessantes do nosso país. Em “Porto” é possível encontrar beleza, natureza, cultura e gastronomia e às vezs tudo isso junto.
Não é novidade para ninguém que eu amo viajar, e viajar significa sair de casa, então aqui vou contar uma experiência super diferente que vivi em Porto Alegre. Vem comigo?
O conceito é Internacionalmente Local, e o Chef Carlos Kristensen mostrou por que escolheu esse conceito para representar a arte que ele coloca em cada prato. Sim, arte. Ele apoia e ajuda o desenvolvimento da cultura regional com ingredientes locais, mas ele vai além, muito além.
O que presenciei em uma experiência exclusiva foi um misto de apresentação, balé, desfile de modas ou um pintor renomado dando o último toque, com tinta e pincel, em uma obra de arte. Foi lindo de ver, foi mágico e me atrevo a dizer que foi a mais incrível experiência gastronômica que já participei (e olha que já provei Alex Atala, Helena Rizzo, Fogaça e Paola Carosella, para citar alguns).
A Mesa do Chef é um projeto novo do recém reinaugurado Hashi (fechado desde 2018). São apenas 4 lugares (ontem somente o Manoel e eu) em frente ao chef. Ele comanda a equipe com maestria. Tudo é organizado, silencioso e funciona como uma linda engrenagem.
Os pratos são preparados pelo Chef em frente aos convidados, cada detalhe tem cuidado, carinho e técnica, muita técnica. Um peixe não é só um peixe, tem textura, tem cor, tem vida e tem história.
Carlos Kristensen se debruça, literalmente, na mesa e conta de onde os ingredientes vieram, qual família produz o queijo e a história por trás da história. É lindo gente, é lindo.
Foram 3 horas de gastronomia, de sabor e de bate papo. Foram 15 passos. Provamos 15 pratos que foram dos clássicos do Hashi (a comida também conta história e a trajetória do chef) à surpreendente sobremesa, que tem chocolate e que mesmo não gostando, devorei.
Não vi o tempo passar, estava tão absorta com o show dado pela cozinha, pela equipe e pelo Chef que a cada prato entregava um pouco de si. Ele conta de onde veio o ingrediente, porque foi escolhido e faz questão de brincar com a ideia de que comer é muito mais do que alimentar. Comer tem muito de inspiração, de estudo, de know how e também de vida. Por que ali, na frente da mesa do Chef Carlos Kristensen vivi e me perdi no tempo, como há muito não fazia.
Quando falamos em gastronomia podemos também falar de emoção, porque ao preparar um prato o Chef coloca ali tudo o que já viveu, tudo o que sente e através desta entrega faz chega à mesa também um pouco de si. Foi assim com a experiência da Mesa do Chef no Hashi. Além de presenciar bem de perto a equipe, a cozinha impecável do Chef Carlos Kristensen, foi possível ver o brilho nos olhos e a vida que pulsa atrás da profissão que virou arte, do amor pela cozinha e pelo universo de alimentar a alma da gente em cada prato.
Se só a comida estivesse memorável eu já sairia satisfeita, porque é isso que busco quando procuro conhecer um novo restaurante, ou revisitar, neste caso, um clássico como o Hashi. Mas, o que recebi foi muito além do prometido. Recebi conceito, técnica, estética, sabor e história. Cada produtor é elevado, valorizado e encaixado na história do Hashi, e do próprio chef, com maestria e beleza.
Fica aqui o registro de uma das experiências mais incríveis que já vivi. Fica aqui a dica: agendem, prestigiem, visitem e vivam esse momento. Vale o investimento, vale a aula de humildade e know how do chef e vale também ficar lembrando o sabor de cada prato.
-Caldo de Cogumelo
– Peixinho da Horta – panc empanada
– Ceviche de lombo de olhete com azeite de limão bergamota (espetacular)
– Barriga de Olhete e limão caviar – descobri ser uma iguaria e super difícil de encontrar
– Sushi de Lula e missô de laranja
– Sushi de barriga de salmão
– Pirarucu gravilax com azeite de laranja e farofa de limão (meu segundo prato preferido da noite)
– Vieira, foie-gras, purê de cará e figo (de longe o melhor prato da noite)
– Guiosa de pato, punzu de laranja e casquinhas de laranja
– Camarão Harumaki (ao saquê envoltos em massa crocante e molho de pimenta agridoce) um clássico da casa desde 95 quando chef aprendeu na Tailândia
– Polvo na brasa, purê de batata doce roxa, pomelo e edamame
– Lagostin com purê de batata doce laranja , chips de raiz de lótus , azeite de alho negro , bok choy e molho de coral de Vieira
– Magret de Pato na brasa , pirão de queijo Serrano , molho e casca de laranja
– Queijos, doce de abóbora e figo assado (queijos espetaculares de Triunfo)
– Frutas grelhadas na parrilla, calda de cumaru com chocolate e outras delícias que são indecifráveis.